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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Conto #2: O Baile

 

Autor: Luis Gustavo Prado


A Nave singrava os espaços em silencio e com graciosidade. O primeiro baile espacial seria dali a algumas horas. O salão do baile, majestoso dentro de uma cúpula de vidro, brilhava em tons de amarelo e dourado. O Baile ia começar assim que a nave atingir a face iluminada da lua. A maior lua cheia que qualquer pessoa já viu, admirando as mesas enfeitadas e o salão de um piso alvíssimo.
Da minha cabine podia ouvir a orquestra afinando seus instrumentos. Apesar de podermos criar musica apenas com alguns cliques num sintetizador, nada se compara a uma boa orquestra interpretando antigas valsas.
O som dos instrumentos sendo afinados, débeis e sem nenhum sentido, me fazem lembrar de cenas da infância, aonde nada realmente fazia sentido, mas tudo era perfeito na sua imperfeição.
Um som baixo e melodioso tocou em minha cabine. O salão estava aberto. Olhei-me no espelho mais uma vez. 1778 ou 2078, não havia diferença. Tudo agora é algo alem do tempo e espaço. Agora tudo que importa é dançar e ser feliz.
Ao entrar no salão, não pude disfarçar o espanto. Era muito mais do que eu tinha imaginado, com certeza o salão de festas mais elegante que eu já vi em minha vida.
Mas algo me chamou mais a atenção. Perto da cúpula, uma jovem olhava as estrelas, com profundidade tal, que ela talvez quisesse encontrar um sentido para tudo que existia.
Aproximei-me dela e me apresentei. Ela me sorriu o sorriso mais lindo que ganhei na vida toda. Perguntei se ela tinha achado a resposta que procurava nas estrelas. Ela riu e disse que só esperava alguém para dançar com ela.
Como se fosse ensaiado, a orquestra começou a tocar uma velha valsa, que ouvia com meu avô, quando ele contava de sua juventude.
Não Precisamos perguntar um ao outro se queríamos dançar. Como se nos conhecêssemos há anos, demos as mãos e saímos a dançar. Não falamos muito mais, nem precisávamos falar. Apenas dançamos, um olhando nos olhos do outro, pois ali estava tudo que nos era importante, tudo que precisávamos ver.
Quando o jantar foi servido, não sentíamos fome, e nos retiramos para o deck do observatório.
Talvez fosse a musica que invadia o deck do observatório, vindo do salão de baile. Mas acho que éramos nós mesmos. Ali, juntos, olhando as estrelas sabíamos que tudo estava bem de novo. Mas não era o final, era o começo. As estrelas foram as únicas testemunhas do nosso beijo. O som agora era mais cálido e calmo. A orquestra começou a tocar "Clair de Lune". Sem mesmo pensar, começamos a dançar como dois tolos, num mar de estrelas.
Sabíamos, pela primeira vez, que seriamos realmente felizes...



Escrever é tão bom...

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