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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Porque o desconhecido nos atrai tanto?

Dois personagens, 1 e 2, andam de carro numa noite qualquer



1: - Nossa, você viu aquela luz que piscou lá longe?
2: - Sim, vi, e dai?
1: - O que será que era hein? Algum extraterrestre? Ou quem sabe algo sobrenatural...?
2: - Um carro. Há uma estrada lá...
1: - E como você sabe?
2: - Olhe aqui no GPS, é a estrada logo ali...
1: - Mas e se...

   Já percebeu como aquilo que nos é desconhecido atrai tanto? Que uma luz piscante, ou um som vago nos despertam a memoria e as ideias? Porque será que isso acontece?
   Muitos de vocês leram esse pequeno dialogo acima. Alguns viram uma pessoa imaginativa e outra pessoa realista, mas creio que alguém (assim como eu) viu um adulto e uma criança conversando.
   Talvez seja mais inerente das crianças serem espontâneas e diretas, com certeza muitos de nós (eu incluso) tem vergonha de expressar ideias assim, talvez porque a razão mais obvia seja uma estrada, ou talvez por medo de sermos tratados como uma criança...
   Mas além de nossos medos e receios perante a sociedade, creio que não sou o único a imaginar igual o personagem 1, como se cada som ou ‘luz’ desconhecida fossem mais que apenas ‘coisas mundanas’, queremos acreditar que existe algo além do que os olhos podem ver ou os ouvidos ouvir.
Voltando a pergunta que da titulo ao texto, por quê? O que é que nos fascina no desconhecido, no intangível, no que está além da matéria?
   Porque a luz que se move silenciosamente na escuridão da noite, ao longe, tem que ser forçosamente um carro? Porque por um momento alguns não deixam a realidade de lado? Temos que imaginar algo espontâneo, vivido e ao mesmo tempo, de certa maneira plausível. Que tal um alienígena? Vasculhando a Terra atrás de conhecimento. Ou é tão implausível assim? Não fazemos a mesma coisa olhando infinitamente para quase tudo? O comportamento animal, as estrelas no céu, nossas naves e satélites que vasculham o cosmos, não seria a mesma coisa?



   No final tudo leva a nos colocar num ponto, o ‘buscar conhecimento’, ou melhor, tornar a busca pelo conhecimento mais atrativa. Se soubéssemos que não há mais nada de vida no universo, que somos os únicos seres cientes no universo, que tudo não passa de um silencio universal, iriamos imaginar tantas historias com extraterrestres, planetas cheios de vida? Ou mesmo incentivar e torcer para que cada empreitada humana no cosmos se concretize e finalmente descubramos a verdade?
   Sim, existe a possibilidade de estarmos sozinhos no universo, mas ninguém sabe. Ninguém pode saber ainda, o máximo que enviamos foram nossos emissários robóticos através das estrelas, sendo as mais conhecidas as naves Voyager I e II.
   E tudo isso, viagens através dos mares infindáveis entre as estrelas para chegarmos ao começo novamente. E talvez seja por isso que o desconhecido nos atrai tanto. Não somos seres cientes a toa. O acaso fez seu papel e de tantos trilhões de espécies vivos que já estiveram ou estão sobre a Terra, nós fomos a sorteada para evoluir. Na loteria da evolução, ganhamos o premio. E a verdade é que o premio foi um livro, cheio de perguntas e sem nenhuma resposta. E na ultima pagina, em letras pequenas, impressas bem lá no finalzinho mesmo, em letras nítidas, a frase: “Agora busquem as respostas”
   É isso que talvez nos mova a sempre seguir em frente, mesmo as vezes com vergonha de discutir que aquela luz não é só um carro, mas um ‘gatilho’ para nossa imaginação buscar pelo desconhecido.
   O desconhecido nos atrai porque está ali nos nossos genes, no ultimo par, bem pequenininho, o premio que ganhamos da loteria genética.
   E encerrado numa pequena cúpula de vidro, como o único tesouro que realmente temos, guardado bem no amago da nossa consciência, e da inconsciência também, o livro de perguntas, que sempre pode ser folheado e pesquisado. E o livro nunca vai acabar, pois cada pergunta respondida, nos revela mais e mais paginas secretas, com mais e mais perguntas.
   “Agora busquem suas respostas”, disse o livro. E é no desconhecido que elas estão, como aquela luz que já não é mais um carro...

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